A Sangue Frio

Fui daquelas pessoas que não vi o filme, mas agora, uma vez acabada a leitura do livro, vou tentar emendar esse facto. Por curiosidade.

A verdade é que fiquei um pouco (bastante) desiludida com o livro... Parece-me que sou mais "rapariga" para gostar de ler romances de ficção, e não de "não-ficção" - categoria em que este livro se insere.

O acontecimento sobre o qual o livro se desenrola, realmente não tem outro nome a não ser sangue-frio. ...e estupidez, frivolidade, e por aí adiante. Pelo menos nos romances de ficção, as coisas (geralmente) acontecem por uma razão... agora, por razão nenhuma??

Outra coisa que me desiludiu, e não havia volta a dar claro, pois se aconteceu na realidade, aconteceu e prontos, não há que mudar a história claro... mas dizia eu que, outra coisa que me desiludiu, foi que os culpados foram apanhados por pura sorte. Mais uma vez, a ficção enche-me mais as medidas... onde o caminho para o culpado nos vai sendo apontado inteligentemente, através de pistas e de factos sólidos, engenhosamente intrínsecos.

Mas na história que nos relata este livro, a verdade é que um par de idiotas macabros e sem coração, (e atenção ao gigantesco spoiler) viajaram uma distância imensa, num curtíssimo espaço de tempo, para assassinar uma família, apenas e só porque achavam que o pai dessa família tinha um cofre no seu escritório de casa, onde supostamente teria bastante dinheiro. Cofre esse que nem existia. Vai daí, como não se podiam deixar testemunhas, para não serem futuramente apanhados, toca de matar todos os 4 membros dessa família. O lucro do "trabalhinho" resimiu-se a cerca de 40 dolares... O incrível, é que se não fosse uma denuncia de um ex-companheiro de cela de um destes idiotas (o mesmo ex-companheiro que tinha dado a falsa informação acerca do cofre recheado daquela família), se não fosse a idiotice dos sujeitos, e se não fosse a pura SORTE dos investigadores do caso... eles teriam MESMO escapado impunes. E isso deixa-me com um sabor amargo.

O livro está muito bem escrito, não me interpretem mal... mas retrata uma realidade demasiado dura, demasiado cruel, e demasiado dependente de acasos, para que se faça (minimamente) justiça.