sábado, setembro 14, 2024

Amor de filha...

Olhando para atrás, vejo que se passaram praticamente 5 anos desde a minha ultima entrada no Blog… muita coisa aconteceu entretanto, a Mafalda cresceu (!! ainda mal acredito), as leituras foram imensas, novas aventuras emocionantes se viveram, mas hoje volto aqui, porque estou a viver um dos dias mais tristes - se não o mais triste, da minha vida - até ao momento, do “alto” dos meus recentemente completados 47 anos…



Hoje levamos a enterrar o meu Pai… tenho o coração esmagado de dor, que me assola por ondas, quando menos espero… quando estou sozinha, quando me olho num reflexo, quando fecho os olhos… 


Só consigo ver a luz na cara dele quando me via “Oh, minha filha!!”, mesmo quando dolorosamente víamos a sua saúde a escapar-se-lhe no decorrer dos últimos meses… era o momento que eu testemunhava em que olhar dele mais vibrava!… e agora que ele se foi, esta memória invade-me uma e outra vez… e é um bocadinho mais do meu coração que se parte.


Foi o melhor Pai que eu alguma vez poderia ter tido, o mais amigo, o mais carinhoso. Nos seus anos dourados, era também o mais racional, analítico e sábio… a opinião que eu buscava sempre - ainda que não agora, por força da idade e das mudanças com que esta o foi moldando - mas durante tanto tempo o foi!


Ele pregava que eu era o anjo dele, mas agora, olhando para trás, não terá sido ele o meu anjo?


Eu beijava-o, abraçava-o, e acarinhava-o… mas retrospectivamente, gostava de o ter feito tanto mais! Tanto mais…


Ele amava tanto. A minha mãe, os meus irmãos. Com o tempo foi ficando mais mimalho, mais dependente dos nossos carinhos… só espero ter conseguido estar à altura das suas necessidades - se bem que tenho tanto medo de ter falhado. Será? Ou só assim o parece agora porque já não está fisicamente presente entre nós, e sei que já não o poderei fazer mais?


Parece-se impossível a adaptação de “ir aos meus pais” para “ir à minha mãe”… também ela agora se sente perdida e incompleta, depois de 66 anos de casamento… Como é que se vive sem uma parte tão importante de nós?


Um doloroso dia de cada vez, talvez ensine cada um de nós a fazê-lo… tenho esperança. Pai.

terça-feira, abril 09, 2019

Leituras

“Quando era mais jovem, viajara por toda a Espanha de automóvel; era assim a vida que o dinheiro do Camarada Lavrov lhe permitira viver. Mas, agora que era velha e já não conseguia conduzir, o seu mundo encolhera. Oh, era verdade que podia viajar de autocarro, mas isso não lhe agradava, todos aqueles proletários suados com as suas sandes de chouriço e crianças a gritar. Charlotte era socialista (comunista, até), mas a sua dedicação à revolução não englobava o transporte público.”
in “A Outra Mulher”, de Daniel Silva

domingo, abril 07, 2019

Domingo perfeito...

Lá fora chove copiosamente, e a porta aberta, deixa entrar um ar fresco e bem vindo, depois do calor de há um par de semanas.

Deitada no sofá, com o estomago reconfortado por uma boa refeição, desfolho as folhas de um livro de um dos meus autores preferidos.

No sofá ao lado, o marido dormita, em paz.

Lá dentro, sinto a piolha atarefada nos seus afazeres para ocupar o primeiro domingo das suas férias de Páscoa.

Às vezes a vida é simplesmente perfeita.



quinta-feira, janeiro 03, 2019

Puzzle (2018)

O ano ainda vai no início, mas já consegui ver 5 filmes.

É algo de que gosto bastante, mas sinto que talvez comece a sentir “o peso da idade”, quando luto para encontrar um filme de que goste verdadeiramente.

Hoje vou falar de Puzzle, de Marc Turtletaub. 

Não seguindo eu nenhum blog ou site de cimena, e não gostando verdadeiramente de me guiar pela opinião dos outros, vou escolhendo os filmes que vejo pelas sinopses / actores / realizadores / pontuação no imdb. Não necessariamente por todos estes parâmetros, mas pelo menos por um.

Esta sinopse despertou o meu interesse, e no imdb espreitei a sua pontuação e também o trailer, pelo que o “etiquetei” mentalmente na categoria “a ver”.

Fi-lo no feriado do 1º dia do ano, mais para o final do dia, sozinha (sim há séries / filmes / programas de TV que sei não fazerem o género da minha outra metade, por isso não o submeto à tortura).

Devo dizer que fiquei com sentimentos mistos. Gostei bastante da personagem Agnes, interpretada brilhantemente por Kelly Mcdonald... 

Do argumento gostei também, mas só até certo ponto.

Compreendo a descoberta de um interesse novo na vida - identifico-me até pelo prazer e “febre” do hobbie interessantíssimo que é fazer puzzles neste caso específico, mas na minha reduzida sabedoria, não me parece que um novo interesse seja completamente incompatível com a vida que até então levamos, ou com aqueles que nos rodeiam, a ponto de abandonar tudo.

No início do filme ficamos com a sensação de que Agnes mais não é do que uma escrava-doméstica, de um marido e filhos que mal querem saber dela, mas a verdade é que com o desenrolar do filme descobrimos o amor que o marido nutre por ela, e que ele próprio é uma espécie de “mouro do trabalho” na sua oficina de automóveis, para tentar manter a sua vida, e proporcionar um futuro aos filhos.

Não estava a contar com o florescer de um novo interesse amoroso, na forma do parceiro de puzzles de Agnes, até porque acho descabida a ideia de que sexos opostos não podem ser simplesmente amigos com interesses em comum. Acabou por não ser um grande amor, porque Agnes não fica com ele mas, juntamente com o sentimento de novidade nela desperto pelos puzzles, a levou a acabar por deixar a família e a partir em busca de uma auto-descoberta.

No fim ficou um sabor agridoce, uma pena por uma personagem que no final, acabou por ser tão pequenina. Estava sinceramente à espera de um filme mais significativo, com mais respeito pelos personagens envolventes, mas no fundo acabou por ser um filme acerca de um umbigo só, o que me desiludiu.

Acho que a história tinha potencial para ir mais longe, para ser mais tocante, mais significativa, mas na minha opinião fica-se por - numa escala de 1 a 10 - um 6 “tremido” (principalmente pela força do argumento da primeira metade do filme, caso contrário, ficaria na negativa mesmo).



Bom ano!!

Tenho estado (de novo) um pouco ausente, mas cheia de vontade de aqui vir rabiscar as pequenas coisas que me ocupam o tempo, ou que me vão na alma.

Entretanto, a todos, desejo um bom ano de 2019! Que traga tudo aquilo que precisamos.




sexta-feira, setembro 07, 2018

Citação

“- Não acredito que acabei de dizer isto - disse Jon - A Ragnhild está morta e eu só penso em salvar a minha própria pele.
Jon tinha lágrimas nos olhos. E num momento de vulnerabilidade, Harry não pode deixar de sentir outra coisa senão compaixão. Não a mesma compaixão que sentia pelas vítimas ou pelos parentes mais próximos destas, mas por aquelas pessoas que, num momento dilacerante, reconhecem a sua própria miserável humanidade”
In O Redentor, de  Jo Nesbo

quinta-feira, agosto 02, 2018

Coleccionar a 3

Há uns tempos que volta e meia o meu olhar era atraído para uns bonecos tão catitas, bem cabeçudinhos... a Mafalda também os namorava, vai daí devidimos começar uma coleção a três, de Funko Pops, com a condição de os bonecos poderem estar no quarto da piolha.

Descobrimos no Porto o Porto Geek Center, que tem a loja online pop-addiction.com, e foi a nossa primeira visita. Viemos de lá com 3 piquenos para iniciar a colecção.

Esta ainda vai “piquena”, mas o facto de aos 8 bonecos, as caixas estarem todas empilhadas “a chamar” por um acidente, levou-nos a pensar numa forma de arrumar os piquenos, e ter já espaços para mais alguns num futuro próximo. Depois de fazer pesquisas, e de muito babar sobre fotos no Pinterest, devidimos optar por uma estante Besta do Ikea. O problema é que as portas que mais gostamos, as Tombo, já não são produzidas.... vai daí, após uma pesquisa no Olx (o Ebay nacional), encontrei um par delas, e estava decidido. Depois de uma visita ao IKEA, e de umas horas a montar as ditas cujas, e depois a decidir o melhor local para elas, o H. meteu mãos à obra, e *plim* fez-se magia.

Os Funko Pop já estão são e salvos numa vitrine, e a coleção - que entretanto cresceu para 9, vai poder crescer até aos 36 bonecos. Chegados aí, combinámos parar (...se eu conseguir, o que é outra conversa...).

Entretanto lá vou namorando uns piquenos no Olx, e no Ebay, porque como chegámos “tarde à festa”, alguns personagens dos que mais gosto, são um pouco dificeis de encontrar..






domingo, julho 29, 2018

Jørn Lier Horst

Comecei a ler no passado dia 7 o primeiro livro de Jørn Lier Horst a ser publicado entre nós “Fechada para o Inverno”, leitura essa entretando finalizada, sendo “engatei” no segundo título publicado, “Cães de Caça”.


Infelizmente, como muito acontece por cá, as editoras optam por pegar numa série a “meio” - “Fechada para o Inverno” é o sétimo livro da série, e “Cães de Caça” o oitavo. 


Na primeira leitura achei as personagens principais relativamente interessantes, mas fiquei com a sensação de ter caído  no meio de algo, o que não me permitiu uma sintonia completa, apesar das notas introdutórias ao livro que a editora acrescentou - e que apesar de tudo acabam por ser bem vindas.


Quanto ao livro propriamente dito, é interessante, achei algumas partes demasiado óbvias (a identidade do informador, a causa da morte dos pássaros). Apenas a revelação final - no fundo a revelação da identidade do perpetrador do crime que “abriu” este livro, conseguiu ser um pouco menos óbvia. 


De qualquer forma, é um livro que se lê bem, a investigação é metódica, e o personagem principal e a sua filha têm algum interesse, e como livro policial acaba por estar bem conseguido sem ser brilhante. 


Fiquei com vontade de continuar a seguir o autor, pelo que tive o privilégio de poder pegar de seguida no livro seguinte da série.


“Cães de Caça”, achei substancialmente melhor do que “Fechada para o Inverno”. Mais dinâmico, um pouco menos previsível. Na linha do livro anterior, mantém-se muitíssimo interessante nos aspectos metodológicos da resolução de um crime. 


Irei começar a ler “O Homem das Cavernas” o mais rapidamente possível, gosto cada vez mais da construção dos personagens Wisting e Line. 


Continuo com imensa pena que ainda não tenham publicado em português os livros do início desta série - espero no entanto que ainda o venham a fazer!!